De Zico à Gabigol: Qual geração ficará mais marcada na história do Flamengo?

Nas arquibancadas do Maracanã é entoado o canto: “Em dezembro de 81, botou os ingleses na roda, 3 a 0 no Liverpool, ficou marcado na história”. A música faz referência ao título mundial conquistado em 1981. Porém, ela vai muito além. Desperta a memória afetiva do flamenguista, por um dos maiores times da história do futebol.

Não há torcedor do Flamengo, dos mais velhos aos mais novos, que não fale o time que os representava. Ele era: Raul, Leandro, Mozer, Marinho e Júnior; Andrade, Adílio, Zico; Tita, Lico e Nunes.

Por muitos anos, o canto ecoou na boca do torcedor, como se nunca pudesse acontecer algo parecido. E não é que aconteceu? O Flamengo de 2019.

Com um futebol envolvente, o clube carioca contou com a categoria de Arrascaeta, Éverton Ribeiro e Bruno Henrique e o instinto goleador de Gabigol para chegar ao segundo título da América. São dois times marcados na história, não apenas do time rubro-negro, mas do futebol brasileiro como um todo. E para você, qual é o melhor? Se colocasse a questão nas famosas apostas online, qual time teria maior confiança do torcedor?

Saiba mais sobre essas duas gerações.

Flamengo 1980-1981: Zico, Júnior, Tita, Nunes e companhia, os campeões de tudo!

Brasileirão de 1980

Com um plantel recheado, o Flamengo entrou para vencer o Campeonato Brasileiro de 1980. Vale destacar que o formato era bem diferente do atual, que é disputado em pontos corridos.

Na primeira fase, o rubro-negro avançou como 2º colocado do Grupo C, com cinco vitórias, três empates e uma derrota. A chave era composta por gigantes, como Internacional e Santos.

A fase seguinte, também de grupos, juntou Flamengo, Palmeiras, Bangu e Santa Cruz na mesma chave. Fla e Verdão, naturais favoritos, passaram sem grandes sustos.

Posteriormente, na terceira parte do Brasileirão, os times que avançaram foram divididos em quatro grupos de quatro equipes cada. O Flamengo, por sua vez, despachou Santos, Ponte Preta e Desportiva Ferroviária, avançando sem nenhuma derrota.

Com isso, os cariocas garantiram vaga nas semifinais, diante do Coritiba. A partida de ida terminou em vitória flamenguista por 2 a 0. Na volta, uma nova vitória por 4 a 3. Enquanto isso, o Atlético Mineiro eliminou o Internacional na outra semi.

Desta forma, Mengão e Galo decidiram o Brasileirão daquele ano. A primeira partida aconteceu no Mineirão, e terminou 1 a 0 para os anfitriões, com direito a gol de Reinaldo, um dos maiores ídolos da história do Atlético Mineiro.

No dia 1º de junho de 1980, Zico e Nunes, duas vezes, marcaram os gols do triunfo por 3 a 2 num Maracanã abarrotado. Estava encerrada a final do Brasileiro.

Mesmo com o placar agregado em 3 a 3, o Flamengo ficou com a famosa Taça das Bolinhas por ter feito melhor campanha. A conquista carimbou o passaporte para a Libertadores, pela primeira vez na história do clube.

Libertadores de 1981

Logo de cara, já na fase de grupos, Flamengo e Atlético reeditaram a final de 1980. Como ambos ficaram empatados em oito pontos, houve a necessidade de um jogo de desempate. Pelo excesso de expulsões do time mineiro, foi decretada a vitória flamenguista por W.O.

Na fase semifinal, onde apenas os líderes dos grupos avançavam, o elenco liderado pelo Galinho de Quintino eliminou Deportivo Cali (COL) e Jorge Wilstermann (BOL). Enquanto isso, o modesto Cobreloa (CHI) passou pelos gigantes uruguaios Nacional e Peñarol.

Desse modo, Flamengo e Cobreloa se enfrentaram na finalíssima da Libertadores. O Maracanã, com quase 94 mil torcedores, foi palco da vitória por 2 a 1 do Mengão, com os dois gols de Zico. O Cobreloa deu a volta dentro de casa e superou o Fla por 1 a 0.

A igualdade no placar agregado obrigou o jogo três. No dia 23 de novembro de 1981, Zico balançou as redes do Estádio Centenário, no Uruguai, em duas oportunidades. Os dois gols do craque sacramentaram o primeiro título da Libertadores na história do Flamengo.

Mundial de 1981

Graças a conquista continental, o Flamengo adquiriu o direito de representar a América do Sul no Mundial. O adversário a ser batido era o Liverpool (ING), campeão da extinta Copa dos Campeões da Europa, atual Champions League.

Os Reds chegaram ao Japão, sede da final, com expectativa de ganhar mais um caneco. Afinal, Dalglish, Souness, Hansen e Neal eram os atuais tricampeões da Europa. Nenhum time conseguia parar os ingleses.

Enquanto isso, o Flamengo utilizou o Campeonato Carioca para se preparar. O elenco ganhou o estadual e chegou com moral à Terra do Sol Nascente. Zico. Júnior, Adílio, Tita e, especialmente, Nunes, estavam motivados para o embate diante dos europeus.

O atacante marcou duas vezes no 1º tempo da final do Intercontinental. Na metade do 2º tempo, Adílio guardou o gol que garantiu a primeira conquista a nível mundial do Flamengo. Sem dúvida, os ingleses entraram na roda, não viram a cor da bola.

Brasileirão de 1982

Após pintar a América e o mundo de vermelho e preto, o Flamengo chegou à temporada de 1982 como o time a ser batido. A meta era vencer o bicampeonato do Brasileirão.

No mata-mata, eliminou Sport, Santos e Guarani, respectivamente. Alcançou a final mais uma vez. No entanto, o Flamengo devia vencer o forte Grêmio, de Leão, Hugo De León, Paulo Isidora, Tarciso e Baltazar. O primeiro jogo, no Maraca, terminou em 1 a 1.

O segundo, disputado no Olímpico, acabou sem gols. Por fim, no duelo de desempate, também em Porto Alegre, Nunes marcou o gol que sacramentou mais um título brasileiro ao inesquecível Flamengo da década de 1980.

O elenco contava com Zico, um dos maiores da história do futebol mundial. O Galinho marcou época na Gávea, sendo o maior artilheiro de todos os tempos do clube, com 509 gols marcados.

Além disso, é o segundo jogador que mais vezes entrou em campo pelo Flamengo. Ao todo, são 732 partidas. Junior é o primeiro da lista, com 876 jogos.

Flamengo 2019: um esquadrão que encantou a América com Jesus, Gabigol, BH, Arrascaeta e outros craques

Décadas depois do Flamengo encantar o Brasil e o mundo, a chegada de um português elevou o patamar do clube. Mais do que isso, contribuiu para que o clube voltasse ao topo da América.

Mesmo assim, nem todos os torcedores acreditavam que a equipe iria vencer tudo. Naquela temporada, Diego Alves, Diego, Everton Ribeiro, Vitinho e Willian Arão foram mantidos. Com dinheiro em caixa, a diretoria foi às compras.

Do Santos, trouxe Bruno Henrique e Gabigol, artilheiro do Brasileirão passado. Rodrigo Caio deixou o São Paulo e acertou com o Fla. Já o uruguaio De Arrascaeta trocou Belo Horizonte pelo Rio de Janeiro para vestir o manto flamenguista.

Libertadores e Brasileirão de 2019

Dessa maneira, a equipe entrou na disputa da Copa Libertadores. O sorteio colocou Flamengo, Peñarol (URU), LDU (EQU) e San José (BOL) no mesmo grupo. Os brasileiros avançaram na 1ª posição, somando 10 pontos, três vitórias, um empate e duas derrotas.

Mesmo assim, o desempenho não agradava à Nação. Sabendo disso, a diretoria correu atrás de um novo nome para o cargo de treinador. Em junho de 2019, o técnico Jorge Jesus aceitou a proposta do time carioca.

Além de JJ, o time carioca trouxe mais quatro jogadores da Europa: Filipe Luís, Rafinha, Pablo Marí e Gerson. As contratações eram impensáveis para o padrão do futebol brasileiro, mas o Flamengo estava bem estruturado e tinha poder aquisitivo para integrar jogadores de alto calibre.

Jorge Jesus e os novos atletas tiveram que esperar a Copa América para estrearem no futebol brasileiro. Com o fim do torneio de seleções, os campeonatos retornaram. O principal compromisso era pelas oitavas da Libertadores, diante do Emelec (EQU).

A ida terminou em 2 a 0 para os equatorianos. O jogo dois, que ocorreu no Maracanã, ficou em 4 a 2 para os brasileiros, que protagonizaram uma remontada histórica. Nas quartas e semis, despachou Inter e Grêmio, respectivamente.

Com as vitórias contra a dupla Grenal, JJ e seus comandados conseguiram o que poucos imaginavam: chegar à final da Libertadores. Mas ganhar o título não era tarefa fácil, pois o multicampeão River Plate (ARG) também estava na decisão.

No dia 23 de novembro de 2019, Flamengo e River se enfrentaram no estádio Monumental de Lima, para quase 60 mil espectadores. Como toda final, o duelo em solo peruano começou bem pegado. Até que Santos Borré abriu o marcador aos 14 minutos do 1º tempo. Porém, a segunda parte, especialmente nos minutos finais, foi repleta de emoção.

O gol de empate saiu dos pés de Gabigol no último minuto do tempo regulamentar. Enquanto que o gol da virada foi marcado nos acréscimos. O momento enlouqueceu os torcedores dentro e fora do estádio.

Desta forma, o Flamengo venceu o River Plate por 2 a 1 e levantou a taça da América pela segunda vez em sua história. Em paralelo, Jorge Jesus precisou dividir o foco com o Brasileirão, mas não hesitou e venceu diversos jogos.

Mesmo com tantos jogos, o treinador português não tinha o hábito de poupar jogadores em partidas fora de casa e contra adversários, tecnicamente, inferiores. Em virtude de uma boa gestão de elenco, o Flamengo terminou o Brasileiro na 1ª colocação com uma campanha quase perfeita. Foram 90 pontos em 39 jogos, com 28 vitórias, seis empates e quatro derrotas.

A jornada garantiu o título com certa folga e encheu alguns torcedores sortudos de felicidade. A campanha extraordinária do clube fez com que os torcedores lembrassem o elenco de 1981, como mais uma geração para ficar marcada na memória dos flamenguistas.

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